Tradução portuguesa do texto de “Confession ou parrêsia? Pasolini, Foucault et le discours de vérité” de Carla Benedetti, originalmente em francês.
Briefing
Tradução solicitada pelo IFILNOVA, Instituto de Filosofia da Nova (Universidade Nova de Lisboa).
Publicação
Ferraro, Gianfranco ; Faustino, Marta ; Ryan, Bartholomew; Rostos do Si: Autobiografia, Confissão, Terapia. Lisboa, Edições Vendaval, 2019
Resultado
Excertos
Texto de partida:
Est-il possible de se révéler dans le discours sans parler de soi? Y-a-t-il de formes de discours où celui qui parle est fort impliqué dans son acte de parole, sans pourtant ne faire ni de l’autobiographie, ni de la confession, ni du mémoire?
Je pose d’abord cette question parce que, habituellement, lorsqu’on parle de formes de révélation de soi à travers la parole, les premiers exemples qui viennent à l’esprit sont justement l’autobiographie, la confession, le mémoire. Pourtant, d’autres possibilités se donnent, et c’est précisément d’une de ces formes de discours – la parrêsia – que je voudrai vous parler aujourd’hui en prenant comme exemple certains discours de Pier Paolo Pasolini. Il s‘agit d’articles de journal ou d’autres textes où Pasolini ne parle pas de soi, mais où il est fort impliqué comme personne, et que je va considérer comme une forme moderne de parrêsia.
Tradução em português:
É possível revelar-se no discurso sem falar de si mesmo? Existem formas de discurso onde aquele que fala está fortemente envolvido no seu ato de fala sem, no entanto, fazer autobiografia, confissão ou memória?
Coloco desde já esta questão porque, habitualmente, quando se fala de formas de revelação do si através da palavra, os primeiros exemplos que vêm à ideia são precisamente a autobiografia, a confissão e a memória. No entanto, existem outras possibilidades e é precisamente de uma dessas formas de discurso – a parrésia – que vos quero falar hoje, tomando como exemplo alguns discursos de Pier Paolo Pasolini. Tratam-se de artigos de jornal, ou de outros textos, onde Pasolini não fala de si mas nos quais está fortemente envolvido como pessoa, e que considerarei como uma forma moderna de parrésia.